MÓDULO I
“Creio, logo penso.” (Santo Anselmo,
Séc. XII)
Introdução
A
Bíblia é um livro singular. Trata-se de um dos livros mais antigos do mundo e,
no entanto, ainda é o bestseller mundial por excelência. É produto do
mundo oriental antigo; moldou, porém, o mundo ocidental moderno. Tiranos houve
que já queimaram a Bíblia, e os crentes a reverenciam. É o livro mais
traduzido, mais citado, mais publicado e que mais influência tem exercido em toda
a história da humanidade.
Afinal, que é que constitui esse caráter inusitado da Bíblia? Como foi que
ela se originou? Quando e como assumiu sua forma atual? Que significa
"inspiração" da Bíblia?
Este estudo auxilia grandemente a compreensão dos fatos da
Bíblia. Um ponto importante nele é a história da Bíblia mostrando como chegou
ela até nós. A necessidade desse estudo é que, sendo a Bíblia um livro divino,
veio a nós por canais humanos, tornando-se, assim, divino-humana, como também o
é a Palavra Viva - Cristo -, que se tornou também divino-humano (Jo 1.1; Ap
19.13).
Pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem
possa entendê-lo. Por essa razão, a Bíblia faz alusão a tudo que é terreno e
humano. Ela menciona países, montanhas, rios, desertos, mares, climas, solos,
estradas, plantas, produtos, minérios, comércio, dinheiro, línguas, raças,
usos, costumes, culturas, etc. Isto
é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, bem
como do nosso modo de pensar. Se Deus usasse sua linguagem, ninguém o
entenderia. Ele, para revelar-se ao homem, adaptou a Bíblia ao modo humano de
perceber as coisas. Então, o autor da Bíblia é Deus, mas os escritores
foram homens. Na linguagem figurada dos Salmos e das diversas outras partes da
Bíblia, Deus mesmo é descrito e age como se fosse homem. A Bíblia chega a esse
ponto para que o homem compreenda melhor o que Deus lhe quer dizer. Isto também
explica muitas dificuldades e aparentes contradições do texto bíblico.
1)
Disposição dos livros canônicos
A estrutura da Bíblia
A palavra Bíblia (Livro) entrou para as
línguas modernas por intermédio do francês, passando primeiro pelo latim biblia,
com origem no grego biblos. Originariamente era o nome que se dava à
casca de um papiro do século xi a.C. Por volta do século II d.C, os cristãos
usavam a palavra para designar seus escritos sagrados.
Os dois testamentos da Bíblia
A Bíblia compõe-se de duas partes principais: o
Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo Testamento foi escrito pela
comunidade judaica, e por ela preservado um milênio ou mais antes da era de
Jesus.
O Novo Testamento foi composto pelos discípulos
de Cristo ao longo do século I d.C.
A palavra testamento, que seria mais bem
traduzida por "aliança", é tradução de palavras hebraicas e gregas
que significam "pacto" ou "acordo" celebrado entre duas
partes ("aliança"). Portanto, no caso da Bíblia, temos o contrato
antigo, celebrado entre Deus e seu povo, os judeus, e o pacto novo, celebrado
entre Deus e os cristãos.
Estudiosos cristãos frisaram a unidade existente entre esses
dois testamentos da Bíblia sob o aspecto da Pessoa de Jesus Cristo, que
declarou ser o tema unificador da Bíblia.[1]
Agostinho dizia que o Novo Testamento acha-se velado
no Antigo Testamento, e o Antigo, revelado no Novo. Outros autores disseram o
mesmo em outras palavras: "O Novo Testamento está no Antigo Testamento
ocultado, e o Antigo, no Novo revelado". Assim, Cristo se esconde no
Antigo Testamento e é desvendado no Novo. Os crentes anteriores a Cristo
olhavam adiante com grande expectativa, ao passo que os crentes de nossos dias
vêem em Cristo a concretização dos planos de Deus.
Seções da Bíblia
A Bíblia divide-se
comumente em oito seções, quatro do Antigo testamento e quatro do Novo.
Livros do Antigo Testamento
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|||
A lei
(Pentateuco) – 5 lvros
|
Poesia
– 5 livros
|
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1. Gênesis
2. Êxodo
3. Levítico
4. Números
5. Deuteronômio
|
1. Jó
2. Salmos
3. Provérbios
4. Eclesiastes
5. O Cântico dos
Cânticos
|
||
Historia
– 12 livros
|
Profetas
– 17 livros
|
||
1. Josué
2. Juízes
3. Rute
4. 1Samuel
5. 2Samuel
6. 1Reis
7. 2Reis
8. 1Crônicas
9. 2Crônicas
10. Esdras
11. Neemias
12. Ester
|
A. Maiores
1. Isaías
2. Jeremias
3. Lamentações
4. Ezequiel
5. Daniel
|
B. Menores
1. Oséias
2. Joel
3. Amós
4. Obadias
5. Jonas
6. Miquéias
7. Naum
8. Habacuque
9. Sofonias
10. Ageu
11. Zacarias
12. Malaquias
|
|
Livros do Novo Testamento
|
||
Evangelhos
|
História
|
|
1. Mateus
2. Marcos
3. Lucas
4. João
|
1. Atos dos Apóstolos
|
|
Epístolas
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||
1. Romanos
2. 1Coríntios
3. 2Coríntios
4. Gálatas
5. Efésios
6. Filipenses
7. Colossenses
8. 1Tessalonicenses
9. 2Tessalonicenses
10. 1Timóteo
11. 2Timóteo
|
12. Tito
13. Filemom
14. Hebreus
15. Tiago
16. 1Pedro
17. 2Pedro
18. 1João
19. 2João
20. 3João
21. Judas
|
|
Profecia
|
||
1.
Apocalipse
|
||
2)
Como foi Escrita a Bíblia
a)
História
I. OS LIVROS ANTIGOS
A Bíblia
é um livro antigo. Os livros antigos tinham a forma de rolos (Jr 36.2). Eram
feitos de papiro ou pergaminho. O papiro é uma planta aquática que cresce junto
a rios, lagos e banhados, no Oriente Próximo, cuja entre casca servia para
escrever. Essa planta existe ainda hoje no Sudão, na Galiléia Superior e no
vale de Sarom. As tiras extraídas do papiro eram coladas umas às outras até formarem
um rolo de qualquer extensão. Este material gráfico primitivo é mencionado
muitas vezes na Bíblia, exemplos: Êxodo 2.3; Jó 8.11; Isaías 18.2. Em certas
versões da Bíblia, o papiro é mencionado como junco; de fato, é um tipo
de junco de grandes proporções. De papiro, deriva-se a nossa palavra papel.
Seu uso na escrita vem de 3.000 a.C.
Pergaminho
é pele de animais, cortida e polida, utilizada na escrita. É material gráfico
melhor que o papiro. Seu uso é mais recente que o do papiro. Vem dos primórdios
da Era Cristã, apesar de já ser conhecido antes. É também mencionado na Bíblia,
como em 2 Timóteo 4.13.
Como vimos anteriormente, a Bíblia foi originalmente escrita
em forma de rolo, sendo cada livro um rolo. Assim, vemos, que, a princípio, os
livros sagrados não estavam unidos uns aos outros como os temos agora em nossas
Bíblias. O que tornou isso possível foi a invenção do papel no Século II (a.C),
pelos chineses, bem como a do prelo, de tipos móveis, inventada em 1450, pelo
alemão Gutemberg. Até então era tudo manuscrito pelos escribas de modo
laborioso, lento e oneroso. Quanto a este aspecto da difusão de sua Palavra,
Deus tem abençoado maravilhosamente, de modo que hoje milhões de exemplares
das Escrituras são impressos com rapidez e facilidade em muitos pontos do
globo. Também, graças aos progressos alcançados no campo das invenções e da
tecnologia, podemos hoje transportar com toda comodidade um exemplar da
Bíblia, coisa impossível nos tempos primitivos. Ainda hoje, devido aos ritos
tradicionais, os rolos sagrados das Escrituras hebraicas continuam em uso nas
sinagogas judaicas.
3) Inspiração
Uma definição de inspiração
Embora a palavra inspiração seja usada
apenas uma vez no Novo Testamento (2Tm 3.16) e outra no Antigo (Jó 32.8), o
processo pelo qual Deus transmite sua mensagem autorizada ao homem é apresentado
de muitas maneiras. Um exame das duas grandes passagens a respeito da
inspiração encontradas no Novo Testamento, poderá ajudar-nos a entender o que
significa a inspiração bíblica.
Descrição bíblica de Inspiração
Assim escreveu Paulo a Timóteo: "Toda
Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender,
para corrigir, para instruir em justiça" (2Tm 3.16). Em outras palavras, o
texto sagrado do Antigo Testamento foi "soprado por Deus" (gr., theopneustos)
e, por isso, dotado da autoridade divina para o pensamento e para a vida do
crente. A passagem correlata de 1Coríntios 2.13 realça a mesma verdade. Disto
também falamos", escreveu Paulo, "não com palavras de sabedoria
humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas
espirituais com as espirituais." Quaisquer palavras ensinadas pelo
Espírito Santo são palavras divinamente inspiradas.
A segunda grande passagem do Novo Testamento a
respeito da inspiração da Bíblia está em 2Pedro 1.21. "Pois a profecia
nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de
Deus falaram movidos pelo Espírito Santo." Em outras palavras, os profetas
eram homens cujas mensagens não se originaram de seus próprios impulsos, mas
foram "sopradas pelo Espírito". Pela revelação, Deus falou aos
profetas de muitas maneiras (Hb 1.1): mediante anjos, visões, sonhos, vozes e
milagres. Inspiração é a forma pela qual Deus falou aos homens mediante os
profetas. Mais um sinal de que as palavras dos profetas não partiam deles
próprios, mas de Deus é o fato de eles sondarem seus próprios escritos a fim de
verificar "qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo, que
estava neles, indicava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos que a
Cristo haviam de vir, e sobre as glorias que os seguiriam" (l Pe 1.11).
Fazendo uma combinação das passagens que ensinam
sobre a inspiração divina, descobrimos que a Bíblia é inspirada no seguinte
sentido: homens movidos pelo Espírito, escreveram palavras sopradas por Deus,
as quais são a fonte de autoridade para a fé e para a prática cristã. Vamos a
seguir analisar com mais cuidado esses três elementos da inspiração.
Definição teológica de inspiração
Na única vez em que o Novo Testamento usa a
palavra inspiração, ela se aplica aos escritos, não aos escritores. A
Bíblia é que é inspirada, e não seus autores humanos. O adequado, então, é
dizer que: o produto é inspirado os produtores não. Os autores indubitavelmente
escreveram e falaram sobre muitas coisas, como, por exemplo, quando se
referiram a assuntos mundanos, pertinentes a esta vida, os quais não foram
divinamente inspirados. Todavia, visto que o Espírito Santo, conforme ensina
Pedro tomou posse dos homens que produziram os escritos inspirados, podemos,
por extensão, referir-nos à inspiração em sentido mais amplo. Tal sentido mais
amplo inclui o processo total por que alguns homens, movidos pelo
Espírito Santo, enunciaram e escreveram palavras emanadas da boca do Senhor; e,
por isso mesmo, palavras dotadas da autoridade divina. É um processo total de
inspiração que contém os três elementos essenciais: a causalidade divina, a
mediação profética e a autoridade escrita.
Causalidade
divina. Deus é a Fonte Primordial da inspiração da
Bíblia. O elemento divino estimulou o elemento humano. Primeiro Deus falou aos
profetas e, em seguida, aos homens, mediante esses profetas. Deus revelou-lhes
certas verdades da fé, e esses homens de Deus as registraram. O primeiro fator
fundamental da doutrina da inspiração bíblica, e o mais importante, é que Deus
é a fonte principal e a causa primeira da verdade bíblica. No entanto, não é
esse o único fator.
Mediação
profética. Os profetas que escreveram as Escrituras não eram
autômatos. Eram algo mais que meros secretários preparados para anotar o que se
lhes ditava. Escreveram segundo a intenção total do coração, segundo a
consciência que os movia no exercício normal de sua tarefa, com seus estilos
literários e seus vocabulários individuais. As personalidades dos profetas não
foram violentadas por uma intrusão sobrenatural. A Bíblia que eles produziram é
a Palavra de Deus, mas também é a palavra do homem. Deus usou personalidades
humanas para comunicar proposições divinas. Os profetas foram a causa imediata
dos textos escritos, mas Deus foi a causa principal.
Autoridade
escrita. O produto final da autoridade divina em operação
por meio dos profetas, como intermediários de Deus, é a autoridade escrita de
que se reveste a Bíblia. A Escritura "é divinamente inspirada e proveitosa
para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça". A
Bíblia é a última palavra no que concerne a assuntos doutrinários e éticos.
Todas as controvérsias teológicas e morais devem ser trazidas ao tribunal da
Palavra escrita de Deus. As Escrituras receberam sua autoridade do próprio
Deus, que falou mediante os profetas. No entanto, são os escritos proféticos e
não os escritores desses textos sagrados que possuem e retêm a resultante
autoridade divina. Todos os profetas morreram; os escritos proféticos prosseguem.
Então,
concluímos que: a definição adequada de inspiração precisa ter três fatores
fundamentais: Deus, o Causador original, os homens de Deus, que serviram de
instrumentos, e a autoridade escrita, ou Sagradas Escrituras, que são o produto
final.
Algumas distinções importantes
As várias teorias a respeito da inspiração
Ao longo da história, as teorias a respeito da
inspiração da Bíblia têm variado segundo as características essenciais de três
movimentos teológicos: a ortodoxia, o modernismo (liberal) e a neo-ortodoxia. Ainda que essas três
perspectivas não se limitem a um único período, suas manifestações primordiais
são características de três períodos sucessivos na história da igreja.
Na maior parte dessa história, prevaleceu a visão
ortodoxa, a saber: a Bíblia é a Palavra de Deus. Com o surgimento
do modernismo, muitas pessoas vieram a crer que a Bíblia meramente contém a
Palavra de Deus. Mais recentemente, sob a influência do existencialismo
contemporâneo, os teólogos neo-ortodoxos têm ensinado que a Bíblia torna-se a
Palavra de Deus quando a pessoa tem um encontro pessoal com Deus em suas
páginas.
4)
Cânon e Canonicidade
Segundo Dicionário
Bíblico Geraldo Matos, CPAD:
Cânon – do hb. Kannesh, vara de medir;
Gr. Kanón (Ez 40:3) – Significa
padrão, regra de procedimento, ritério, norma.
Cânon sagrado: Coleção de livros reconhecidos pela Igreja Cristã como
singularmente inspirados por Deus.
Canonicidade
- processo pelo qual um escrito se verifica se um escrito é
canônico ou não.
O Conceito ou teoria de canonicidade
envolve a idéia fundamental de que:
1) Uma deidade comunicou de alguma forma
uma mensagem ao homem ;
2) O homem registra acuradamente;
3) Esta mensagem é reconhecida pela
comunidade como divinamente inspirada e recebida como uma fé infalível que une
prática e autoridade;
4) É preservada para futuras gerações
porque Deus falou e o homem escreveu.
Antigo
Testamento I
A
TORÁ - PENTATEUCO – A LEI
INTRODUÇÃO
O
Antigo Testamento, ou Antiga Aliança, é o compêndio literário divino que relata
a base que anuncia desde a criação do mundo e da humanidade até as profecias
que apontam para a vinda do Messias.
O
A.T., é a sombra do N.T., ou seja, a Nova Aliança é respaldada pela Antiga
Aliança, onde serve como base para o entendimento dos ensinamentos de Cristo,
porém, algumas das doutrinas veterotestamentária, não se aplicam na Nova
Aliança, porque Cristo as recodificou, ou não foram mais citadas no N.T, o que
é verificado quando se compara o A.T. com o N.T.
5)
TORÁ – a Lei:
Principais
acontecimentos:
3.1)
GÊNESIS – Livro dos Começos – 50 Capítulos
Acontecimentos
|
Referência
|
Acontecimentos
|
Referência
|
- Criação;
|
Gn
1
|
- Abrão (Abraão)
|
Gn
12
|
- Queda do homem;
|
Gn
3
|
- Isaque
|
Gn
21
|
- Desenvolvimento da
Humanidade: Decedência de ADÃO
- Caim e Abel
|
Gn
4 e 5
|
- Jacó (Israel)
|
Gn
25:19 Gn 35
|
- Noé e o Dilúvio –
- 1ª. ALIANÇA
|
Gn
7 a 9
|
- José do Egito
|
Gn
37
|
- Origem dos povos:
- Torre de BABEL
|
Gn
11
|
-
A morte de José
|
Gn
50
|
Bibliografia
Vasholz, I. Robert – O Cânon do Antigo
Testamento na Igreja do Antigo Testamento. Centro Presbiteriano de
Pós-Graduação Andrew Jumper – 2007.
Groningen, Gerard Van, - Da Criação à
Consumação Volume 1.
Geisler e Nix, Norman L. e William
e. – Introdução Bíblica. Como a Bíblia
chegou até nós. Editora Vida. 1997.
Gilberto, Antônio – A Bíblia através
do Séculos. CPAD. 2004.
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